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Como adaptar a unidade de atenção primária para a telessaúde

As unidades de Atenção Primária à Saúde (APS) certamente tiveram seu funcionamento alterado a partir do início da pandemia por Covid-19. 

As recomendações de distanciamento social diminuíram o acesso dos pacientes, enquanto que os atendimentos precisaram ser adaptados ao crescente número de casos de infecção pelo novo coronavírus.


A ferramenta mais utilizada para diminuir os impactos dessa dificuldade por atendimento é a telemedicina que permite o atendimento mantendo o isolamento domiciliar dos pacientes. Mas o desafio de incluir esse recurso no rol de serviços oferecidos pelas unidades de APS vai além da capacitação dos médicos ou da aquisição de novas tecnologias. A unidade inteira precisa se adaptar e todos os seus profissionais devem participar desse processo.

Telemedicina na Atenção Primária

A Universidade de Oxford lançou o documento “Consulta por Vídeo: Um Guia Prático”, que orienta os primeiros passos para estabelecer as teleconsultas como parte da rotina da unidade. Segundo o guia, esse processo pode ser dividido em quatro etapas, com questões específicas para cada uma.

1. Decidir e planejar
  • Realizar uma reunião da unidade para definição dos primeiros passos;
  • Envolver todas as categorias: coordenador, médicos, enfermeiros, administrativos, agentes comunitários etc;
  • Definir os tipos de atendimentos que serão feitos pela consulta online (teleconsulta);
  • Combinar quais aparelhos e quais programas serão utilizados;
  • Garantir que todos os funcionários estejam apropriados sobre as mudanças e dar espaço para dúvidas e preocupações;
  • Estabelecer vínculos com o apoio técnico da gestão central.
2. Preparar a tecnologia
  • Providenciar conexão de qualidade à internet;
  • Preparar os equipamentos e programas: deixar a postos o software da videochamada, webcam, microfone, máquinas etc;
  • Checar o funcionamento do áudio, vídeo e dos programas utilizados;
  • Caso exista trabalho de casa, garantir que é possível o acesso ao prontuário e à própria tecnologia para as consultas por vídeo;
  • Produzir materiais informativos sobre a tecnologia que os pacientes necessitarão para passar por uma teleconsulta.
3. Configurar o processo de trabalho
  • Atualizar as informações da unidade a respeito da realização de teleconsultas;
  • Estabelecer um fluxo para agendamento das teleconsultas, inclusive sobre definição de consultas agendadas ou não;
  • Construir o fluxo do contato presencial para buscar documentos, prescrições, atestados, bem como da farmácia, de modo que ela possa receber diretamente as prescrições;
  • Definir o plano para caso de a conexão falhar, como fazer contato por telefone, por exemplo.
4. Treinar e testar
  • Treinar na plataforma e nas devidas técnicas todos os médicos, enfermeiros e profissionais que irão realizar teleatendimentos;
  • Montar a(s) sala(s) com todos os equipamentos (médicos e de tecnologia) necessários para a teleconsulta;
  • Realizar “chamadas piloto” para testar os aspectos técnicos;
  • Testes, pelos funcionários, dos processos envolvidos: envio de receita, utilização do prontuário durante a chamada, agendamento de retorno etc;
  • Realizar teste com paciente ou leigo.
Conclusões
Uma construção coletiva, organizada e técnica é condição essencial para que esse novo tipo de atendimento passe a fazer parte, de vez, das rotinas da unidade. Como todo novo processo, as ações de teleconsultas devem ser revistas regularmente, de preferência com toda a equipe, de maneira a se ajustar os prováveis nós e desafios que surgirão.

Os fluxos construídos devem ser registrados, bem como as sugestões e falhas que forem surgindo ao longo do processo, para que toda a equipe possa trabalhar em sua correção, garantindo, assim, mais esse recurso de cuidado a seus pacientes.



Fonte: Portal Pebmed
Autor: Renato Bergallo

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